Descubra quando é que os cogumelos saem depois das chuvas.
2 anos ago · Updated 6 dias ago

Quanto tempo demoram os cogumelos a aparecer depois da chuva? Onde há cogumelos agora?
As perguntas do milhão. Depois de um episódio de chuvas fortes ou DANA, como são agora conhecidas, os aficionados à procura de cogumelos começam a ficar ansiosos. Com o calendário em mãos, começamos a planear as nossas próximas saídas nas zonas onde choveu bastante.
Mas para não percorrer quilómetros em vão e voltar com um cesto vazio, é melhor saber quando os cogumelos aparecem no monte. Porque nem todos os cogumelos são iguais nem todos crescem da mesma forma.
Quando aparecem os cogumelos?
Esta frutificação depende de múltiplas variáveis, tais como o tipo de solo, a humidade e a temperatura (do solo e do ambiente) e, sobretudo, da chuva. É a combinação destas variáveis que faz com que encontremos níscacos ou boletos no monte.
Cada uma das espécies de cogumelos e fungos tem condições específicas para brotar, que variam também de acordo com a zona geográfica onde nos encontramos. Assim, podemos encontrar as primeiras flores de níscalos ou rovellones nos Pirenéus no início do verão, enquanto estes não aparecem no sul até bem entrado outubro ou novembro.
Apesar destes fatores que tanto preocupam os amantes da micologia, se quisermos saber se os cogumelos já surgiram, existem alguns dados que devemos ter em conta para garantir o sucesso das nossas idas ao monte.
Fatores que influenciam o crescimento dos cogumelos
O crescimento dos cogumelos não é uma ciência exata e é influenciado por uma interação complexa de fatores. Além das chuvas, outros elementos importantes são a espécie de cogumelo, a humidade ambiental, o tipo de terreno, o substrato e a temperatura. Cada um destes elementos desempenha um papel fundamental no processo de crescimento dos cogumelos.

Quando surgem os boletos? Desenvolvimento rápido e sensibilidade à chuva
Os boletos são famosos pelo seu rápido desenvolvimento. Geralmente, levam de 4 a 5 dias para passar da fase de botão para um cogumelo adulto. Este processo é acelerado quando as chuvas são intensas e combinadas com temperaturas adequadas. Além disso, é importante destacar que os boletos são particularmente sensíveis a chuvas intensas e podem surgir rapidamente após um período de precipitações.
Os cogumelos termófilos, como os boletos (principalmente o Boletus aereus), são particularmente interessantes devido à sua sensibilidade às mudanças de temperatura.
Geralmente, estes cogumelos começam a aparecer entre 12 e 15 dias após as chuvas. A produção de cogumelos é mais abundante se o solo se mantiver húmido ou se houver novas chuvas antes da conclusão deste ciclo.
Quando aparecem os niscalos (Lactarius deliciosus)?, a paciência é a chave
Os níscalos, por outro lado, costumam aparecer no outono e exigem um pouco mais de paciência. Normalmente, leva cerca de 30 a 40 dias desde as primeiras chuvas abundantes da estação para que os níscalos atinjam o tamanho adequado (aproximadamente 20 l/m²).
Depois disso, o micélio precisará receber mais chuvas, quanto mais abundantes, mais forte será a saída dos cogumelos. Assim, o surgimento dos níscalos no final do verão deve-se às chuvas de julho e às tempestades de agosto.
A intensidade das chuvas desempenha um papel fundamental na quantidade de níscalos que acabam por se desenvolver.
É importante ter em conta que estes cogumelos começam a surgir em altitudes elevadas e, à medida que a estação avança, descem até ao nível do mar!
Ciclo da Amanita caesarea
A Amanita caesarea é um cogumelo apreciado pela sua delicadeza e sabor requintado. Aparece após as chuvas, geralmente num ciclo de aproximadamente 21 dias. Este cogumelo é uma das joias micológicas mais procuradas e caracteriza-se pela sua cor alaranjada e pelo seu chapéu convexo. Costuma partilhar o habitat com o Boletus aereus, pelo que, se tivermos colhido cogumelos pretos, só teremos de voltar à mesma zona uma semana mais tarde.
Cantharellus lutescens: o encanto dos camagrocs
Os cantharellus lutescens, também conhecidos como angulas de monte, são outra iguaria micológica. Estes cogumelos costumam surgir após as chuvas e o seu ciclo de desenvolvimento varia de acordo com as condições. Geralmente, podem aparecer num prazo de 15 a 30 dias após as precipitações. A sua forma característica de funil e o seu sabor suave tornam-nos muito procurados na cozinha.
O longo ciclo de crescimento das trufas
As trufas, um manjar muito apreciado, destacam-se pelo seu ciclo de crescimento excepcionalmente longo. Algumas variedades de trufas podem demorar até 5 meses ou mais a aparecer após chuvas adequadas. Este longo processo é uma das razões pelas quais as trufas são tão valorizadas na gastronomia.
Existem também certas espécies de cogumelos e fungos cuja eclosão indica o aparecimento de outros. Algumas espécies prolongam o seu aparecimento durante semanas e meses, enquanto outras são muito mais caprichosas e só eclodem durante alguns dias.
Existem algumas espécies que permanecem dormentes durante anos, à espera de condições climáticas favoráveis, ativando os seus micélios quando estas ocorrem.
É importante destacar que estes prazos não são exatos e podem variar significativamente de acordo com a quantidade de água, a localização geográfica e as temperaturas locais. A experiência na colheita de cogumelos e a observação direta no campo são as melhores formas de aprender a adaptar-se às condições variáveis e às peculiaridades de cada espécie.
Por que é que os cogumelos aparecem?
Alguma vez pensaste por que é que os cogumelos crescem? Graças a que causas maravilhosas e complexas encontramos cogumelos na floresta? A resposta é O MICÉLIO.
Compreender o que é o micélio e como funciona é necessário para compreender o reino fungí, pois, para defini-lo de uma forma que possamos compreender, o micélio seria a árvore da qual nascem os cogumelos, que seriam os seus frutos.
Ciclos dos cogumelos
O micélio
O micélio é uma união complexa e intrincada de pequenos filamentos, a que chamamos hifas, que crescem livremente no solo. Podemos resumir isso imaginando uma fatia de pão de forma com mofo. Essa espécie de teia de aranha que se forma sobre o pão em decomposição seria o micélio, neste caso, o do mofo. Mas esse micélio não se espalha apenas pela superfície, ele penetra no interior e se espalha também por baixo dela.
Esta é uma das razões pelas quais se recomenda cortar os exemplares de algumas espécies de cogumelos.
Se puxarmos o cogumelo, estamos a separar de uma só vez o cogumelo do micélio e a partir filamentos ou hifas. Em suma, estamos a limitar o crescimento de mais cogumelos nesse ponto. Se, pelo contrário, cortarmos o pé do cogumelo, deixamos o micélio intacto e livre para poder brotar outro cogumelo nesse mesmo ponto.
Embora esta discussão sobre cortar ou arrancar enche as conversas dos aficionados à micologia e sempre haverá opiniões divergentes, uma vez que esta teoria não é aplicável a algumas espécies de cogumelos que sofrem menos se forem arrancadas.
A simbiose dos cogumelos
Então, por que os cogumelos crescem junto a determinadas espécies de árvores? Graças à associação ou simbiose entre espécies. Por essa regra natural, ambas as espécies associadas se beneficiam mutuamente.
Os filamentos do micélio, muito mais finos que as raízes das árvores, unem-se a elas, multiplicando a capacidade destas de receber alimentos, nutrientes e minerais do subsolo. Da mesma forma, os cogumelos também recebem alimentos, uma vez que determinados nutrientes não podem ser absorvidos pelos fungos, mas sim pelas raízes das árvores, acabando por chegar também aos cogumelos.
Micorrização dos cogumelos
Esta união é chamada de micorrização e é extremamente comum no mundo vegetal, já que se estima que 95% das espécies vegetais beneficiam, em certa medida, desta simbiose com os cogumelos e fungos do subsolo.
Além da micorrização, existem outros tipos de fungos e cogumelos que não precisam dessa simbiose, pois se alimentam de madeira morta. Por isso, existem várias espécies de cogumelos que crescem nos troncos das árvores, decompondo essa madeira morta e cumprindo sua função de fungos recicladores. É o caso do Agrocibe aegerita ou cogumelo do choupo, que é frequente encontrar em árvores como salgueiros, choupos ou algumas árvores frutíferas
As alterações climáticas e os cogumelos
Por último, mas não menos importante, está o aquecimento global do nosso planeta. Todos os anos batemos recordes de aumento de temperaturas, sofremos outonos e invernos atípicos, grandes períodos de seca como o deste ano, com mais de 110 dias sem precipitação no Levante.
É inegável a relação direta entre este aumento das temperaturas e as alterações que provoca com o atraso no início das épocas micológicas, afetando principalmente os níscalos e boletus.
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