Galo silvestre, a rainha do frio (Hygrophorus latitabundus)

A temporada micológica está a chegar ao fim. Trompetas, cogumelos do prado, oronjas, boletos e até os sempre esperados níscalos deixaram de brilhar no seu melhor momento. O frio instala-se na floresta e as primeiras geadas começam a deixar a sua marca. Tudo parece indicar que é hora de pendurar o cesto de vime... Mas para aqueles que continuamos a vasculhar cada recanto em busca de cogumelos comestíveis, ainda resta um último e precioso tesouro: a llanega negra. A mocosa ou llenega é provavelmente um dos cogumelos mais populares, principalmente na Catalunha, embora cada vez mais em outras regiões do nosso território, onde é colhida avidamente a cada estação.

Todos os nomes da mocosa negra, H. latitabundus

O Hygrophorus latitabundus é um cogumelo muito popular onde cresce. Por isso, também são variados os nomes que lhe são dados em cada região. Entre outros nomes populares em castelhano, podemos encontrar llanega, llanega negra, babosa negra, señorita, mucosa, pegalosa, carmellosa ou caramellosa. Em Castela, é conhecida como seta de congrio ou llanera e, em Aragão, baboso negro. Mas é na Catalunha que talvez tenha mais variações: Llenega, llenega gris, llenega negra, llenega fosca, mocosa

Como distinguir a llenega negra?

A mocosa negra tem características muito especiais que, se conhecidas, permitem identificá-la com segurança quando a encontramos. Chapéu: A llenega negra tem um chapéu grande, quando o exemplar é jovem tem uma forma semiesférica, depois torna-se convexa e, finalmente, achatada, atingindo diâmetros superiores a 20 cm, embora geralmente oscile entre 5 e 15 cm. Cutícula mucosa: A cutícula é separável, de cor castanha com o centro mais escuro e, em condições atmosféricas normais, coberta por uma substância viscosa e pegajosa a que chamamos muco. Pé: O pé da llenega negra é branco e também coberto por muco que adquire uma tonalidade castanha. Em alguns exemplares é fino e noutros é grosso, com uma protuberância no meio. Lâminas: As lâminas são brancas, tendendo para o creme quando o exemplar envelhece, adnatas. Polpa: trata-se de um cogumelo de polpa firme, branca, de cheiro suave e sabor adocicado.

Onde e quando procurar a llanega negra

A primeira característica a ter em conta é que se trata de uma espécie quase invernal, pelo que será necessário esperar por temperaturas baixas para a ver aparecer. Procuraremos a llenega negra quando o frio se aproximar, desde o final de setembro até ao início de outubro, em altitudes superiores a 1000 metros, até dezembro, ou mesmo janeiro em anos excecionais perto do mar ou em altitudes baixas.

Solo calcário

Só encontraremos a llenega negra em solos calcários, ou seja, com pH do solo superior a 7. O buxo e o alecrim são duas plantas que crescem em solos calcários e que podem dar-nos boas pistas.

Pinhais

A llenega negra é um cogumelo que encontraremos sempre associado a pinhais, tanto de pinheiro vermelho, p. silvestre, como de pinheiro branco ou p. halepensis, por vezes acompanhado por algum carvalho, de preferência com mais de 20-30 anos de idade.

Procure humidade e temperatura fresca

As primeiras babosas negras devem ser procuradas nos locais mais húmidos e frescos da floresta, frequentemente perto de canais que proporcionam estas condições, ou escondidas sob uma densa camada de arbustos. À medida que a estação avança, se a chuva e a ausência de vento acompanham, também as iremos encontrando em locais mais abertos e até mesmo as últimas ao sol.

Llanega negra. Sem medo das geadas

A llanega negra, por ser um cogumelo que tolera bem geadas fracas e passa rapidamente quando faz um pouco de calor, a qualidade dos exemplares irá melhorando à medida que a estação avança e, se o ano for bom, serão os últimos exemplares ao sol que nos surpreenderão pelo tamanho e qualidade da carne, quando quase ninguém os procura mais.

Posso confundir a llenega com outros cogumelos tóxicos ou comestíveis?

Sabendo quais outros cogumelos podemos encontrar na floresta junto com as llanegas, podemos identificá-las sem correr riscos.

Outros cogumelos que acompanham a llenega negra na floresta

Outros cogumelos que partilham o habitat com a llenega negra são especialmente a negrilla, a língua de vaca, o camagroc e a amanita ovoidea, além do níscalo e da pata de perdiz.

Possíveis confusões com a llanega negra

Uma possível confusão pode ocorrer com o Hygrophorus personii, mas este cresce em bosques de carvalhos em terrenos ácidos e é de tamanho mais modesto. Também é comestível, mas de qualidade muito inferior à mocosa negra.

Fotografias da llanega negra

Esta espécie de higróforo é muito fotografada pela quantidade de caçadores de cogumelos que a procuram com insistência. Se tivermos a sorte de encontrar um bom local com llanegas formando círculos ou fileiras, o mínimo que podemos fazer é registá-las! Se tiver fotografias de llanegas, envie-nos e publicá-las-emos nesta galeria. O que está à espera para nos enviar as suas fotos de Hygrophorus latitabundus?

A Llanega negra na cozinha

A llenega ou mocosa negra é um cogumelo excepcional para acompanhar guisados de cozedura longa. Pode ser consumido em tortilha, salteado com alho e salsa, grelhado... mas é nos guisados que dá o seu melhor. Uns bons pés de porco ou um redondo de vaca são ótimos acompanhamentos para este cogumelo requintado. Para cozinhar, recomendamos retirar a mucosidade do chapéu e do pé, pois podem amargar. Agora que já sabe como são e onde crescem as llanegas ou babosas, só lhe resta revistar bem a zona onde pensa encontrá-las. Não se esqueça de levar consigo um bom cesto de vime e uma faca. Vai precisar. Saúde e llanegas!